Antes de chegar nas mãos dos consumidores finais, muitos produtos passam por diversas fases de testes e adaptações, para que se possa garantir a segurança, o conforto, a resistência e outros critérios, a depender de cada produto. Um carro, por exemplo, é projetado em termos de design e de estrutura. O design responde pela beleza, pelo conforto, pelos acessórios, pela funcionalidade, e tudo que está à vista de nossos olhos. Já a parte estrutural corresponde ao funcionamento do carro em si: seu motor, as peças que vão garantir maior durabilidade e resistência, materiais que garantem segurança e resistência etc.
Para que tudo esteja funcionando bem e perfeitamente, designers, engenheiros e outros técnicos fazem cálculos, testes e simulações de uso e de materiais antes que o carro entre definitivamente na linha de produção.
Mantidas as devidas proporções, não é diferente com a criação de móveis, que muitas vezes precisa passar por adaptações e testes para garantir que o projeto que saiu da prancheta do designer vai realmente cumprir sua função adequadamente, seja do ponto de vista estético, funcional, do conforto ou da resistência e durabilidade. Afinal, bom design não é só beleza, e sim uma combinação de estética, funcionalidade e desempenho.
Na Maqmóveis, o setor de P&D, ou pesquisa e desenvolvimento, é responsável pelo desenvolvimento de projetos para a criação de móveis. É lá que os desenvolvedores de produto fazem testes, escolhem materiais, e pensam em como levar à produção industrial as criações dos designers. Em alguns casos, criações autorais de designers renomados.
Esse processo invisível aos olhos do consumidor final tem o trabalho de uma equipe por trás. Dos quatro profissionais que atuam neste setor, todos são unânimes em afirmar que é um desafio grande transformar a ideia que saiu da cabeça do designer ou criador em produto final. Cada peça desenhada precisa encontrar o melhor material para que o móvel tenha um desempenho ótimo.
Além disso, devem-se levar em conta fatores econômicos e de sustentabilidade, e como adequar cada material/peça no processo fabril. Enfim, é um trabalho complexo. Mas segundo o coordenador de novos desenvolvimentos de produto da Maqmóveis, Luiz Ronaldo Campos, é empolgante e compensador ajudar a criar um produto bem-sucedido. “Tudo começa com a compreensão de quem é o público-alvo do produto. Depois passamos por pesquisas de matérias-primas que sirvam ao produto, e também lhe agreguem inovação e sustentabilidade. Em seguida, há as análises dos maquinários necessários à fabricação, montagem, embalagem… é um processo detalhado item a item”, diz.
Já o gerente de P&D, João Santana, revela que o processo de produção nasce de uma ideia bem abstrata. “Toda criação nasce de uma vontade, mas frente ao produto já fabricado, ela é abstrata. O papel do P&D é entender a expectativa, seja do cliente ou do mercado, e transformá-la num produto concreto. Para isso, passamos pela modelagem, definição de matéria prima, definição de tecnologias adequadas, custo, acabamentos…”, diz.
Ainda, é preciso adequar a peça ao padrão de mobiliário da Maqmóveis, de forma a não destoar das características que formam o DNA da empresa. O processo envolve também praticamente todos os outros setores da Maqmóveis, pois é necessário submeter as informações do produto à área comercial, à qualidade, ao setor de compras, ao financeiro, entre outros. “É um verdadeiro ping-pong com os setores, que analisam e devolvem o projeto com os ajustes necessários. O produto final é resultado de todos esses processos invisíveis”, conta João.
Para a coordenadora de P&D Lígia Grieco, o processo produtivo é o momento em que “se une a funcionalidade dos processos fabris à proposta estética de cada produto, assim, tudo é estudado com muito detalhe, testando etapa por etapa. Há, também, a fase de testes do protótipo, em que um produto novo é experimentado e submetido a testes de resistência, usabilidade, conforto etc”. Ou seja, toda uma fase longa de produção que os usuários finais muitas vezes não fazem nem ideia.
Ainda, parte do processo de criação de móveis é feito pela área de renderização e layout, que fica sob a responsabilidade da arquiteta Vitória Gomes, assistente de P&D. “A modelagem por computador nos proporciona imagens que se aproximam da realidade, e assim conseguimos analisar como será o produto final antes de ser produzido, o que nos permite fazer correções e analisar detalhes construtivos, além de texturas e acabamentos”, conta ela.
Com a modelagem é possível testar diferentes materiais, cores e texturas nos produtos, além de analisar como o móvel se comportará em diferentes situações e ambientes, como por exemplo, em situações de luz e sombra. “A simulação do produto por renderização é uma ferramenta valiosa para nos ajudar a reduzir custo e tempo de produção”, finaliza.
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