Não é de hoje que a sustentabilidade virou uma pauta prioritária. Mas, com a declaração de estado de emergência climática, assinada por mais de 11 mil cientistas do mundo todo no começo de 2020, somados aos eventos climáticos extremos que testemunhamos ao longo deste ano – enchentes na Ásia, frio intenso no hemisfério sul e calor excessivo no norte, seca e queimadas no Brasil -, o clima do planeta pede uma atuação urgente dos governos e da sociedade para conter o aumento da temperatura na Terra.
Visando um futuro mais sustentável, empresas e designers de mobiliário e decoração dão sua contribuição com projetos que buscam causar menos impacto na natureza. No Japão, ônibus de transporte público que iriam para o ferro-velho agora ganham novo uso transformados em saunas móveis, num projeto idealizado por designers da empresa Shinki Bus, que gerencia linhas na cidade de Himeji: lá, o primeiro ônibus-sauna vai funcionar a partir de fevereiro de 2022.
Iniciativas como essa vão ao encontro das tendências detectadas pela WGSN na última semana de design da Holanda, em outubro, evento reconhecido por sua visão de futuro. Entre os temas, todos relacionados à sustentabilidade, está Waste made wonderful (Resíduo transformado em algo maravilhoso, em tradução livre), que aborda justamente a reutilização de itens descartados na criação de outros produtos.
Produção resíduo zero Maqmóveis
Alinhada com essas iniciativas, a Maqmóveis transformou sua produção em resíduo zero – atualmente não faz mais nenhum descarte de resíduos resultantes da produção de mobiliário. Em uma iniciativa do Diretor de Suprimentos, Adilson Comin, desde o ano passado todas as sobras de MDF, MDP, laminado melamínico e serragem são reaproveitados em outras indústrias ou transformados em novas peças, como é o caso das sobras de placas de MDF resultantes da fabricação de lousas: emendadas e recobertas por laminado, elas podem ser usadas em outros produtos.
“Medimos os recortes de MDF e percebemos que dois deles unidos correspondiam à medida das sobras de placas de laminado, e então surgiu a ideia de transformar o que seria sucata em insumos para novos produtos”, conta Adilson. Os outros resíduos, antes incinerados, agora são encaminhados para empresas que utilizam serragem e “cavacos”, termo da indústria para pequenos pedaços de madeira, como combustível para fornos, a exemplo de algumas olarias.
Já no mês de julho deste ano, as temperaturas baixas atípicas fizeram surgir outros produtos feitos com as sobras de compensado: casinhas para os cachorros de estimação da empresa. A ideia surgiu no departamento de Compras, que mobilizou os setores de Marcenaria e Manutenção para projetar e produzir as peças.
Em outra vertente de atuação sustentável, com viés social, parte dos descartes de madeira da empresa é doada para a Associação ReViva de Taquaritinga, que oferece oficinas de marcenaria e artesanato a famílias carentes, tanto para capacitá-las no ofício quanto para que possam gerar renda produzindo peças artesanais de madeira.